As 10 profissões que devem estar em alta pós-pandemia

As 10 profissões que devem estar em alta pós-pandemia (e as habilidades para consegui-las)

Tecnologia, finanças e saúde estão entre as áreas de destaque; busca deve ser maior por profissionais seniores e com habilidades socioemocionais

SÃO PAULO – A pandemia teve um impacto significativo sobre as empresas, que diante de quedas bruscas nas vendas e receitas tiveram que demitir parte do quadro de funcionários. Mas mesmo entre aqueles que mantiveram seus empregos, muitos se depararam com reduções de salário e jornada de trabalho, e tiveram que se adaptar ao home office, que foi adotado em grande escala.

Diante do cenário complexo, muitos profissionais buscam entender como podem se tornar peças-chave para suas organizações, para garantir o emprego e alcançar novos patamares na carreira.

Pensando nisso, o InfoMoney conversou com alguns especialistas em recrutamento e seleção, recursos humanos e da área de educação para entender quais profissões vêm ganhando destaque nesse período de transformação e quais devem seguir em alta pós-pandemia.

Lucas Papa, gerente sênior da empresa de recrutamento Michael Page, explica que nesse momento é difícil definir quais serão os destaques do mercado de trabalho depois que a crise passar.

“Tudo está mudando muito rápido, são muitas transformações. O que sabemos é que poucas funções serão iguais daqui para frente. Ainda é cedo para falar com precisão quais serão os cargos de importância, mas já vemos algumas tendências. Em todas as áreas, os profissionais precisarão flexibilizar ideias e se preparar para o impacto da tecnologia”, diz.

Sofia Esteves, fundadora da Companhia de Talentos, diz que os perfis criativos farão muita diferença. “É preciso pensar em inovar, mas mais do que isso, é preciso criar porque problemas novos surgirão. O termo inovação estava em alta, mas requer investimento e tempo, recursos que agora as empresas não têm. Por isso, profissionais criativos, resilientes e que se adaptam rápido ganharão espaço antes do que se era imaginado”, explica.

Confira a seguir a lista das dez profissões que devem ficar em alta pós-pandemia, segundo os especialistas consultados pelo InfoMoney:

Tendências
Papa diz que três áreas vão se destacar ainda mais daqui para frente: tecnologia, finanças e saúde. “A primeira já vinha em alta, praticamente todas as profissões serão requeridas em diversas etapas da cadeia de produção das empresas – como cibersegurança, customer experience (especialistas em experiência do usuário) e especialista em nuvem, responsável pelos aspectos como conectividade e fluxo de dados, por exemplo”, diz.

Segundo ele, a migração para o online é inevitável e toda empresa terá um volume enorme de dados para processar. Assim, cibersegurança passará a ser um pilar e um serviço primordial para todas as empresas. Os usuários também estão usando mais plataformas online para consumir, por isso proporcionar uma boa jornada de compra é o que vai definir quem vai vender mais.

Além disso, hospitais devem buscar mais enfermeiros e técnicos em enfermagem para compor seus times dado que os efeitos da pandemia ainda devem perdurar. Na área de finanças, que também é abrangente, os diretores financeiros (CFO) são o grande destaque, segundo Papa.

Mais experiência
O gerente de recrutamento da Michael Page também acredita que outra tendência será a busca por profissionais mais seniores. “Nesse momento, quem está sofrendo mais é a base da pirâmide, a parte operacional. Vimos muitas vagas de analistas sendo suspensas na pandemia porque a empresa queria focar em contratações estratégicas. Agora e na retomada é preciso combater os problemas com muita ênfase e profissionais mais experientes tendem a ser observados mais de perto por, geralmente, terem uma capacidade de análise mais acurada, por terem passado por outras crises e pela visão de longo prazo”, diz.

Nesse sentido, um diretor financeiro (CFO), que é a cadeira número um da área, é uma peça fundamental. “Toda empresa quer ter um CFO preparado e sênior, que consiga entender o momento, administrar expectativas e com experiência para incluir olhar técnico”.

Sofia concorda. “O papel do CFO em um momento de alta é investir e rentabilizar. Mas agora é necessário um profissional que saiba controlar o caixa, administrar a redução de custos, e que consiga equilibrar mais pratos na mão – e isso exige experiência”, afirma.

O gerente de tesouraria também está entre os destaques de Papa. “É essa pessoa que vai capitanear o contato com o banco, olhar para estrutura da dívida, renegociar crédito, é esse profissional que dá vazão para as pendências financeiras. Em um momento de retomada pós-crise é um papel crucial”, explica.

As posições de desenvolvimento de novos negócios voltados para o cliente também serão importantes, como diretor comercial, segundo Sofia. “O formato tradicional de venda está sofrendo uma forte transformação e posicionar o produto de maneira correta e oferecê-lo da forma adequada faz toda a diferença”, diz. Afinal, passada a fase de sobrevivência é preciso retomar o volume de receita.

Dinheiro na mira
Nesse cenário tão incerto, Rebeca Toyama, especialista em desenvolvimento humano e liderança, ressalta que as carreiras relacionadas à gestão de dinheiro também ganharão espaço.

“A pandemia evidenciou que uma reserva de emergência é necessária caso um imprevisto aconteça. E esse período está mudando os padrões de consumo. Por isso, planejadores financeiros e assessores de investimentos serão muito importantes nessa nova fase. Em um momento em que os recursos estão escassos, saber administrar e ganhar dinheiro é o que grande parte das pessoas almeja”, explica.

o setor de saúde, ela afirma que as áreas de biotecnologia, biomedicina e biogenética também vão ganhar espaço. “Depois da pandemia, os profissionais de saúde, que não estão na linha de frente também vão ganhar espaço, com pesquisa e desenvolvimento de projetos, vacinas, entre outros”, explica Rebeca.

Futuro antecipado

Para Cynara Bastos, supervisora de carreiras do Ibmec, a pandemia antecipou a importância de algumas profissões, como as de tecnologia. “Se o profissional achava que tinha tempo, não tem e precisa se adaptar. A revolução tecnológica provoca uma revolução das competências e a principal delas é a alfabetização digital. O profissional precisa virar um caçador de novas habilidades para não perder espaço no mercado”, afirma.

Segundo ela, mesmo os profissionais de áreas como administração, direito e saúde precisam entender como a linguagem digital vai impactar as suas funções. “Não importa se eu sou psicóloga, advogada ou engenheira, preciso entender quais programas, plataformas e conceitos estão em alta para eu desempenhar melhor a minha função. É o desenvolvimento das tech skills – do pacote office ao programa de software – e será útil em todas as áreas de acordo com as respectivas especificidades”, explica.

Rebeca Toyama diz que algumas habilidades que seriam prioridade só daqui a dez anos passaram a ser cruciais desde março deste ano: “Inteligência emocional, que é a capacidade de se relacionar consigo mesmo e com o outro; pensamento crítico, não basta absorver informação, é preciso analisá-la e filtrá-la; e a criatividade, já que o mundo mudou abruptamente e precisamos ter capacidade de criar novas soluções. Além disso, as pessoas precisam entender que a crise é uma constante, e que precisam desenvolver novas habilidades para o próximo cenário desafiador”, afirma.

Cynara acrescenta que parte desse processo de assimilação das mudanças é entender quais são as competências que o profissional já tem e como e onde elas podem ser úteis. “É entender como a disrupção tecnológica pode impactar a própria carreira.”


Fonte: InfoMoney