IBM: “Pensem na nuvem como um modelo de negócio, mais que uma tecnologia”

A IBM está investindo mais US$ 1 bilhão por ano em sua infraestrutura, um sinal do compromisso com sua oferta de nuvem. Durante o IBM InterConnect, a BIT conversou com Francisco Romero, diretor de operações da subsidiária da IBM Softlayer, e John Considine, diretor geral de serviços de infraestrutura na nuvem da ‘big blue’, sobre os planos da empresa na área.

*em Las Vegas

A premissa mais importante na estratégia de venda da nuvem IBM é que a empresa considera que nenhuma outra concorrente cobre todo o espectro como suas soluções conseguem fazer. “A Google tem soluções computacionais fantásticas, muito bom. A Microsoft tem excelente SaaS. A AWS [Amazon Web Services] tem ótimo IaaS. Quem mais combina tudo isto em múltiplas indústrias, e com nuvem híbrida? Ninguém. É assim que a IBM vai ganhar esse espaço”, afirma Francisco Romero, revelando que os mercados mais fortes para a empresa neste momento são a América do Norte, Alemanha e Reino Unido.

Quanto aos verticais, os mais dinâmicos são o sector financeiro, a manufatura e o varejo.

Pensem na nuvem como um modelo de negócio, mais que como uma tecnologia. Ninguém tem a amplitude de portfólio e integração vertical da IBM.”

Ainda assim, a fornecedora está atrás das concorrentes mencionadas pelo executivo, apesar de estar ganhando terreno e de as receitas provenientes da nuvem já representarem 17% de seu volume total de negócios.

John Considine sublinha que a tecnológica está investindo em cerca de uma dúzia de novos centros de dados, para expandir sua capacidade e permitir aos clientes construir mais arquiteturas nativas em sua infraestrutura. “Eles podem misturar tudo, desde o metal [hardware] aos serviços virtuais, nossas redes, armazenamento avançado e com as capacidades cognitivas que estamos oferecendo. E depois, conectar com API e integrar com o que as equipes estão fazendo nos mainframes.” Durante o IBM InterConnect, a CEO Gini Rometti anunciou a abertura do 51º centro de dados na China, o primeiro do gênero no país.

“Dá para ver, através de nossos investimentos, o que é necessário para passarmos para a frente”, estabeleceu Considine. “Estamos nos focando nas capacidades para suportar os workloads cognitivos e a analítica de dados – é uma grande parte do que estamos fazendo e uma área onde temos expertise.”

A IBM também está pondo dinheiro, tempo e recursos na melhoria das soluções de armazenamento na nuvem, e estreitou a parceria com a Intel tanto nessa área como em network. Depois, referem os executivos, seus braços de consultoria tecnológica e de negócio são uma mais-valia – dão às empresas algo que não conseguirão obter em outras nuvens.

“Nós podemos fazer tudo por você. Há muitas empresas que andam nisso há anos, mas a falta de qualificações é tremenda. A nuvem, em seu estado atual, não resolve todos os problemas”, sublinhou Francisco Romero.

A aquisição recente de empresas com grandes portfólios de dados, como a The Weather Company, serve o propósito de diferenciação na área cognitiva. Por exemplo, o supercomputador Watson está  sendo treinado com dados meteorológicos que podem ajudar empresas em segmentos específicos. A ideia é ter modelos públicos de aprendizagem, disponíveis a toda a gente, que lhes permitam investir mais seriamente em indústrias e verticais.

O que não significa que os dados de um cliente sejam integrados nesses modelos públicos, no entanto. Nessa questão específica, a IBM reiterou durante todo o evento que trata os dados dos clientes com a máxima transparência possível, sem qualquer intenção de os deter ou tirar partido deles. “Nós não ganhamos direitos em relação aos dados dos clientes. Mesmo com os modelos de treino e aprendizagem, eles não se tornam parte dos modelos públicos.” Ginni Rometty insistiu neste ponto também, e vários outros executivos lembraram que a IBM não precisa de “vender” dados nem fazer marketing direto, como “outras” empresas do sector. Baterias apontadas à Amazon e à Google? Ninguém foi específico.

“A diferenciação, daqui para a frente, é a forma como tratamos os clientes e seus dados, a confiança que depositam em nós, escolha com consistência”, resumiu Considine.

“Outra força reside nos conectores de API. É assim que o cliente pode ir buscar os dados que tem por detrás da firewall, em serviços on premises, e permitir que a nuvem interaja com eles e extraia valor”, indicou.

Com a tal falta de qualificações, a simplicidade é uma grande mais-valia. Considine refere que os clientes podem entrar na nuvem da IBM em muitos níveis diferentes, e a maioria não precisa que os colaboradores sejam gênios da programação ou gestão. Aí entra também o método Bluemix Garage, em que os especialistas da empresa trabalham com os clientes para acelerar o processo, em contexto.

“A IBM é um parceiro de confiança, que entrega capacidades desde o mainframe aos serviços GTS”, declarou Considine. Tudo o que é preciso fazer agora é conquistar a nova geração de clientes, que não foi exposta às tecnologias de legado da empresa, e convencê-los a escolher IBM na hora de ir para a nuvem – ou começar nela.