Inteligência artificial vai mudar 100% dos empregos na próxima década, diz CEO da IBM
Inteligência artificial vai mudar 100% dos empregos na próxima década, diz CEO da IBM
Fórum Econômico Mundial estima que a quarta revolução industrial deve movimentar US$ 100 trilhões nos próximos 10 anos
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CEO e presidente da IBM, Ginni Rometty, tem uma importante mensagem para profissionais de todo o mundo: a transformação digital deve ser um dos maiores desafios da atual geração. Segundo estimativa da executiva, 100% dos empregos sofrerão mudanças por causa da inteligência artificial (IA) já na próxima década.
E Ginni não está exagerando. O Fórum Econômico Mundial estima que a quarta revolução industrial deve movimentar US$ 100 trilhões nos próximos 10 anos em todos os setores, indústrias e regiões do mundo.
"Enfrentamos uma transformação iminente e profunda da força de trabalho nos próximos cinco a dez anos, à medida que o analytics e a inteligência artificial mudam os cargos de empresas de todos os setores", disse Rometty à CNBC.
O alerta de Ginni se dá em um momento em que as habilidades em inteligência artificial e os estudos sobre futuro do trabalho são demandados com urgência. O setor de tecnologia responde por 10% do PIB dos EUA e é o que cresce mais rápido no país. No entanto, não há profissionais qualificados para preencher os 500 mil empregos disponíveis na área, segundo pesquisa da Future of Work da Consumer Technology Association.
Brasil na retaguarda
Apesar de não viver a mesma realidade dos EUA, o Brasil está em situação semelhante, afirma Dora Kaufman, pesquisadora de inteligência artificial da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Estudo divulgado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações aponta que uma estratégia digital bem-sucedida pode acrescentar 5,7% a mais no PIB brasileiro — o equivalente a US$ 115 bilhões.
"Mais do que emprego, a inteligência artificial vai mudar a sociedade e as relações humanas. Funções mecânicas e repetitivas serão eliminadas e novas funções surgirão. O problema é que não serão criadas vagas suficientes para substituir as que desaparecerão".
O futurista Fabio Pereira é mais otimista. Autor do livro "Consciência Digital", pela editora Caroli, ele acredita que milhões de empregos serão gerados a partir da união homem-máquina. "Pesquisas já mostram que a inteligência humana aumentada pela IA traz resultados mais eficazes do que cada uma delas separadamente", afirma.
Esses empregos, contudo, só serão ocupados se os profissionais forem colaborativos, criativos, comunicativos e críticos.
Dora concorda e vai além. Ela destaca a necessidade de qualificação da mão de obra para as novas funções que estão sendo criadas. Segundo ela, o mercado de trabalho não está evoluindo conforme a demanda e, por isso, muitos profissionais estão desempregados. "Não adianta a empresa pegar um caixa de supermercado e colocar para supervisionar um robô. É necessário preparação", diz.
A professora da PUC-SP acrescenta que o próprio ensino básico do país não está preparado para a transformação digital, uma vez que ainda tem raízes na indústria. "Algumas empresas estão se preparando e qualificando os próprios profissionais, mas a necessidade é muito maior que essa. A demanda é global."