Microsoft completa 41 anos de vida em meio a processo de reafirmação

A Microsoft é uma especialista em software. As estratégias da companhia para transformar o Windows em sinônimo de sistema operacional foram muito bem-sucedidas, tanto é que ele habita quase 95% dos computadores pessoais do mundo na atualidade. Contudo, ao completar 41 anos de idade, a Microsoft mostra força e, finalmente, dá sequência à sua onda de inovação para se adaptar aos novos tempos da computação.

Se por anos a companhia simplesmente ignorou as necessidades de se modificar para se adaptar às novas dinâmicas baseadas na internet e em dispositivos mobile, recentemente ela parece ter acordado. Apesar de um longo caminho até começar a significar alguma ameaça ao domínio de Google, Apple e Facebook, a Microsoft ao menos começa a definir uma plataforma a partir da qual é capaz de demarcar as suas posições.

 

Ambiente universal

Uma prova da busca da Microsoft para se adaptar aos novos tempos é a aposta em uma plataforma universal para todos os seus dispositivos. Durante a Build 2016, a companhia bateu várias vezes nesta tecla, destacando que a ideia é que os usuários compartilhem a mesma experiência independentemente do equipamento — PC, mobile, Xbox ou HoloLens.

Windows 10 universal

 

Esse é um passo bastante significativo, pois finalmente deixa claro que a Microsoft entende o futuro como algo cada vez mais integrado entre vários dispositivos. Se a Canonical foi a primeira empresa a apresentar a ideia de um sistema universal, com o Ubuntu rodando basicamente da mesma forma no computador, no tablet e no smartphone, a Microsoft dispôs dos recursos necessários para trazer isso à tona.

 

Amigável à internet

Se a Microsoft praticamente jogou no lixo a marca Internet Explorer após insistir por anos a fio em uma versão altamente problemática do seu navegador, recentemente a companhia tentou igualar o seu browser com os principais nomes do mercado adotando (tardiamente, é bom deixar claro) funções básicas dos rivais, como visual mais limpo e suporte para complementos.

Tais esforços não foram suficientes para devolver o glamour ao IE, que viu o Chrome crescer absurdamente (não sem muitos esforços publicitários do Google) e foi aposentado de vez no Windows 10. Junto com a versão mais recente do sistema veio também o Microsoft Edge, uma nova aposta que, apesar de ainda muito crua, tem um grande potencial de desenvolvimento para os próximos anos.

Além disso, a Microsoft compreendeu a dinâmica da computação na nuvem e também do quanto as pessoas buscam por estes tipos de serviços atualmente. Assim, nada mais justo do que ela levar alguns de seus principais softwares para a web e, finalmente, criar um rival de peso para o onipresente Google Docs. Agora, o Office está online e gratuito para qualquer pessoa.

Extensões Microsoft Edge

Mais uma vez, a rivalidade com o Google foi acirrada com as recentes mudanças aplicadas ao Outlook.com, a nova marca do serviço de e-mail da MS. Aqui, o caminho adotado foi bastante semelhante ao do navegador: tira-se de foco uma marca prejudicada por mau desempenho (neste caso o Hotmail) para dar vez a algo novo e capaz de oferecer soluções modernas (o Outlook.com).

E tudo isso sem contar com a integração de serviços, como o Skype embutido nos serviços online da Microsoft, ou então a parceria com outras companhias, como Uber, Dropbox e Facebook.

 

Microsoft ama o mobile

O avanço rápido do Android e a forte base de sustentação dos portáteis da Apple fez com que a Microsoft fosse jogada para o banco de reservas do mercado mobile. Quando o Windows Phone ganhou uma nova cara, a companhia acreditava ser possível se tornar rapidamente um contraponto às duas principais marcas do setor, mas o resultado na prática não foi nada disso. Nem mesmo a aquisição da divisão mobile da Nokia foi capaz de impulsionar a Microsoft, levando muita gente a crer que um triste fim para o WP já estaria decidido.

Porém, a Microsoft segue firme, apostando não somente no seu próprio sistema, mas oferecendo soluções integradas ao Android — isso ficou bem claro no anúncio das novidades da Cortana, a assistente pessoal virtual do Windows. Mas os portáteis da MS também vão entrar na onda da integração, tentando oferecer uma experiência compartilhada e cada vez mais amigável aos usuários. Se a estratégia vai dar certo para fazer com que a companhia recupere o tempo perdido e possa bater de frente com os principais rivais, só o tempo dirá, mas não se pode negar que medidas significativas estão sendo tomadas.

 

Integração gamer

Recentemente, a Microsoft anunciou que os jogadores de Xbox One poderão ter multiplayer compartilhado com o PC e convidou a Sony a se juntar à festa. A companhia japonesa não pareceu tão entusiasmada e pediu calma, afinal a MS não parece estar simplesmente interessada em propor uma trégua na “guerra dos consoles” — vale lembrar que números não oficiais indicam que o desempenho de vendas do PS4 dão um banho no Xbox One. Microsoft aposta também na integração do Xbox One.

Xbox One

 

Esse ponto pode parecer muito mais um desespero da Microsoft a fim de salvar a sua plataforma de jogos, mas não se pode descartar que aí está uma estratégia da companhia para dar sequência à universalização de seus produtos e serviços. Isso porque ela também vai integrar de vez Windows e Xbox, oferecendo apps do sistema do PC no console e lançando games exclusivos ao mesmo tempo para ambas as plataformas. Se a MS não vai vencer a guerra dos consoles, ela ao menos vai criando mecanismos para não perder completamente o seu público.

 

Reafirmação

Então, os caminhos da Microsoft começam a ficar cada vez mais claros. As ideias propostas nos últimos anos começam a ser reafirmadas conforme a companhia avança com seus planos de tornar o Windows uma plataforma universal — uma jogada extremamente inteligente, visto que a venda de PCs vem caindo e especialistas apostam que o Windows 10 por si só não conseguirá frear esta tendência.

Ao que parece, a Microsoft completa 41 anos se mostrando mais “jovem” e aberta às mudanças do que era há alguns anos. A fabricante do Windows entende que diversificar seus produtos pode ser a saída para não cair em obsolescência, inclusive em mercados nos quais ela sempre foi a dona do jogo. Aquele ditado de que a vida começa aos 40 talvez faça um certo sentido para a empresa de Redmond.