Para líderes da indústria, transformação digital é prioridade para TI no Brasil

O ano de 2015 foi considerado desafiador para grande parte da economia brasileira mas, na área de tecnologia, a demanda constante por inovação, busca por eficiência e adoção de novos sistemas fez com que o setor continuasse a expansão entre pequenas, médias e grandes empresas nacionais - uma perspectiva que deve continuar para 2016. Essa é avaliação de alguns dos principais líderes da indústria de tecnologia no Brasil, que participaram na tarde desta terça-feira (17) de um debate para discutir o estado da atual agenda de TI no país durante o IT Fórum Expo, em São Paulo. Para os executivos, o panorama da TI é de otimismo, mas um dos desafios para companhias nacionais pode ser resumido em uma só expressão: a transformação digital.

Para os participantes da discussão, a migração das empresas para organizações digitais deverá ser a prioridade para o próximo ano, conforme mais e mais negócios são afetados por tendências como mobilidade, cloud computing e redes sociais. "Mundialmente há uma transformação que vai tocar todas as empresas e pessoas, independente do ramo de atividade", avaliou o presidente da Oracle Brasil, Cyro Diehl. "A agenda muda, os sistemas das empresas mudam, os sistemas hoje são pré-mobile, pré-midia social, e o setor de tecnologia tem que alavancar os parceiros para serem transformados". A leitura é compartilhada por outros líderes do setor no país. Para o presidente da IBM Brasil, Luis Liguori, a digitalização é uma grande mudança já em curso, mas é só a primeira etapa: para o executivo, empresas precisam não só pensar em questões como Internet das

Coisas, mobilidade e social, mas também em como utilizar dados gerados por todas essas tendências para engajar seus consumidores e criar vantagens competitivas. "A gente imagina que o mundo está sendo reescrito em software", explicou. "Onde houver código e dados trafegando, a gente vai por inteligência e cognição", disse. "No futuro, qualquer empresa será uma empresa de tecnologia", explicou a presidente da Microsoft Brasil, Paula Bellizia. "Então nossa oportunidade é entender os desafios de negócios de outras empresas e usar a tecnologia para que ela esteja na ponta, auxiliando a transformação do negócio na ponta". Assumindo recentemente a liderança da também recém-nascida Hewlett Packard Enterprise Brasil, após a divisão da antiga HP, o presidente Luciano Corsini comenta que essa transformação levará empresas que antes eram disruptivas a serem "disruptadas" por outras organizações, o que deve modificar o panorama dos negócios de TI. "Para as empresas isso vira um desafio de crescimento", disse. 

Essa transformação, é claro, inclui as próprias empresas de tecnologia, que já estão revendo suas posições no mercado para serem não só fornecedores de soluções, mas habilitadores de inovação e de negócios para seus clientes. "Tudo vai ser completamente diferente, agora as empresas têm que mudar para se perpetuar", comentou durante o debate o presidente da Totvs, Laércio Cosentino. "Empresas de tecnologia já foram pioneiras em digitalizar outras coisas e agora precisam se digitalizar". Apesar de concordarem na importância de se alavancar as oportunidades de uma transformação digital, os executivos também reconheceram o momento instável da economia brasileira, o que tem criado dificuldades em organizações que temem investir em tecnologia ao invés de cortar custos para se preparar para cenários negativos.  "A gente escuta muito dos clientes que têm que manter o navio andando e ao mesmo tempo fazer a transformação digital", comentou Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil. "Esse equilíbrio é a coisa mais importante, é preciso sentar e conversar". Para a líder da SAP, o CIO das empresas passa a ter uma papel chave dentro das corporações, passando de suporte para líder ativo de transformações, indicando quais as tecnologias realmente necessárias para o negócio.

Nesse cenário, é preciso que empresas busquem um foco na hora de fazer seus investimentos."É muito importante que a gente não consuma tecnologia pela tecnologia. Por que ir para a nuvem se isso não for ajudar seu negócio?", questionou o presidente da Oracle Brasil. Para garantir esse sobriedade de investimentos, o CIO então deverá agir como uma espécie de orquestrador de soluções, preocupado não só em trazer inovações para a empresa, mas utilizá-las em conjunto para alavancar os negócios da organização. Mas mesmo com a incerteza econômica, as perspectivas gerais são positivas, na avaliação dos executivos, que poderão ser até guiadas pela própria indústria de tecnologia no país. Para o presidente da ‎Dell Brasil, Luis Gonçalves, a tecnologia será uma das forças motrizes que podem levar um estado de recessão para um progresso de forma acelerada. "Cumpre a nós como indústria uma missão ainda mais importante, a gente não pode esperar do agrobusiness e da industra pesada uma estilingada, é o setor de tecnologia que vai ajudar o país a voltar", opinou.