Alan Castro, engenheiro de Sistemas e especialista em Segurança da Informação da Symantec destaca que estamos na era da guerra cibernética. “Organismos de estados financiam ataques para obter informações de outros países, e espionagem e crime organizado se misturam nesses atores”, diz.
A partir de 2010, os ataques a alvos específicos e com objetivos muito claros chamaram a atenção, quando o malware Stuxnet inutilizou um quinto das centrífugas da indústria nuclear Natanz, no Irã. O ataque, atribuído a um esforço conjunto entre os Estados Unidos e Israel para sabotar os planos militares iranianos, foi chamado de “primeira arma digital” pela publicação especializada em tecnologia Wired.
A Aramco, produtora de gás e petróleo da Arábia Saudita, sofreu em 2012 um ciberataque que atingiu 30 mil computadores, numa tentativa de interromper a produção e exportação de seus produtos.
Em solo nacional
A Symantec destaca que, no Brasil, foi descoberta uma quadrilha que mirava o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) para cometer crimes ambientais. O fato, divulgado em agosto de 2015, envolvia empresários fantasmas que contratavam hackers para invadir computadores de superintendentes do órgão e liberar a venda ilegal dos chamados créditos florestais, que representam a quantidade de madeira que cada empresa possui no sistema.
Segundo informações divulgadas na época, em apenas dez dias, a venda de madeira com os créditos falsos movimentou quase R$ 11 milhões, o que, em árvores, representa o carregamento de 1.400 caminhões.
Outro famoso golpe que tem se tornado muito popular: o ransomware, que sequestra dados e pede resgate pelas informações roubadas, já está em sua quarta versão e já rendeu ao menos US$ 325 milhões para os criminosos, de acordo com a Aliança Contra Ameaças Digitais, grupo de especialistas em segurança cofundado pela Symantec para divulgar informações para a indústria. Vale ressaltar que esse malware ataca não apenas empresas e governos, mas também pessoas físicas, usuárias de dispositivos pessoais.
Perigo chegando
O mais assustador ainda está por vir. Uma clínica especializada em reabilitação de viciados em internet na Coreia do Sul ficou famosa ao oferecer tratamento com estímulos magnéticos no cérebro. A prática induz ao cansaço quando o paciente navega por um determinado período de tempo na web. Pesquisas testam a eficácia do método com outros vícios, como fumo.
Mas o uso pode não ficar restrito à área de saúde. Especialistas alertam que se dá para criar cansaço, dá para criar vontade de comprar, por exemplo. E, no futuro, hackers poderão configurar o equipamento para que ele gere o estado emocional desejado. Uma verdadeira manipulação cerebral.
Diante deste cenário, é possível salientar a evolução do perfil dos malfeitores digitais – eles deixam de lado os golpes genéricos e aleatórios motivados por reconhecimento e passam para ataques direcionados e com objetivos definidos, como de ganhos financeiros. Soma-se a este fator, o aumento do número de usuários com acesso à internet em diferentes dispositivos, o que possibilita novas e diferentes armadilhas online.